Como devemos nos alimentar segundo a medicina tradicional chinesa?
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Shadia Asencio - 2022-01-21T14:05:42Z
A medicina está em um. Na cura energética atual, o caminho é ensinar o paciente a se curar, a encontrar medicina no que se ouve, no que se vê, se come e se decreta. As tradições milenares chinesas afirmam que isso acontece porque há energia por trás de tudo. Por isso, para eles, o equilíbrio significa saúde e bem-estar. Fala-se muito sobre o Ayurveda indiano como uma via filosófica para se curar através da alimentação, mas como cultura mãe, a chinesa tem muito a contribuir para a conversa. Regida pela filosofia tao, explica-se que o corpo é uma unidade e não um compêndio de partes autônomas, como é abordado na medicina ocidental. Além disso, diz-se que a teoria do yin e yang é intrínseca à vida em geral: está presente nos movimentos da terra, nas pessoas, nos alimentos.Sob essa perspectiva, tudo tem duas forças: a positiva e a negativa, o dia e a noite, a luz e a sombra. A cada yin corresponde um yang. Nem muito, nem pouco. Apenas o que equilibra. Em uma conversa com o doutor do Instituto de Medicina Chinesa Osiris Triana, ele menciona o balanço –uma invenção chinesa– como o melhor exemplo da sabedoria milenar daquele país: se você se impulsionar demais, sairá voando. Com a inércia correta, o jogo é um prazer. “A filosofia do yin yang surge da observação da natureza porque se considera que é o primeiro e o melhor mestre do homem. Os antigos começaram a entender que havia ciclos na natureza e que todos contavam com movimentos opostos”, me explica Osiris.Nem todos precisamos do mesmo alimento. É necessário selecionar a comida de acordo com a época do ano, o clima particular do dia, o estado de saúde. “Nossos órgãos e suas afecções ou saúde marcam o fluxo de alimentos que precisamos”, confirma Osiris. Como o tema é super complexo, também conversei com José Adalberto Marín Ortiz, acupunturista e professor de técnicas como Chi Kung e Kung Fu, que assegura que não é casualidade que os chineses pareçam tão vigorosos e jovens, ao contrário dos europeus, que tomam café da manhã com pão e geleia. Os chineses tomam café da manhã cedo, ao amanhecer, diz. Tomam proteína e sementes que aumentam sua energia vital.Na medicina chinesa, o frio ou calor das coisas e pessoas marca o passo: “os médicos se baseiam sobretudo nas manifestações da natureza da pessoa, mesmo quando têm alguma doença, estuda-se a natureza da doença com a finalidade de regular a temperatura”, me confirma Adalberto. Adicionalmente, ele me explica que em cada momento do dia o corpo pede equilibrar a temperatura com os alimentos corretos. De manhã, quando está frio, pede algo quente; ao meio-dia, algo que refresque, enquanto que para a noite, o melhor é escolher um guisado quente e baixo em calorias. Osiris me conta que é preciso observar as flutuações de energia, do frio ao calor, ao longo do ano: quando a energia começa a crescer é na primavera; chega ao seu ponto máximo no verão. Quando começa a haver um retrocesso na energia Yang ou energia do calor, começa o outono e, finalmente, quando retrocede ao seu ponto mínimo é o inverno. Isso determina o tipo de alimentos que precisamos. A alimentação na medicina tradicional chinesa também observa a filosofia dos cinco elementos, na qual a cada estação corresponde um elemento da natureza: à primavera corresponde o elemento madeira; ao verão, o elemento fogo; ao outono, o metal, enquanto que o inverno é a água. A cada elemento corresponde um órgão do corpo e um sabor frio ou quente que o potencializa. Por exemplo, ao elemento água corresponde o rim, por isso é necessário escolher alimentos que nutram e fortaleçam o rim, como a carne de cordeiro ou o feijão preto. Osiris explica assim: ao inverno corresponde o elemento água que é um elemento yin, com uma tendência descendente fria, por isso é preciso balancear com alimentos de energia quente. Além disso, cada órgão tem outra parte do corpo que o fortalece ou debilita. O órgão que potencializa o rim são os pulmões e seu sabor é o picante, por isso é necessário consumir alimentos dessa natureza como cebola, gengibre ou alho. “Pouco picante, porque se formos ao excesso, como no exemplo do balanço, o movimento será forte demais e teremos um desequilíbrio”, conclui Osiris. Adalberto me indica que o fígado normalmente se congestiona ou se “aquece” por estresse ou por ira, por isso pessoas com aflições nesse órgão devem consumir alimentos amargos que o refresquem. Os sabores doces debilitam o baço ou sistema digestivo, em doença é preciso limitá-los, enquanto que uma pessoa com problemas de coração deve evitar alimentos ácidos. Adicionalmente, recomenda consumir alimentos o mais frescos possível e mastigar até obter uma papa, antes de engolir. Osiris, por sua parte, recomenda revisar o que o corpo requer em cada momento do dia e não se guiar pelos desejos. Nisso reside um amor real a nosso corpo. O tema é lembrar que a doença é um desequilíbrio de energia e que a recuperação da saúde está intimamente relacionada com a harmonização daquilo que entra no corpo: comida, pensamentos, estímulos e emoções.