Existem vinhos três B no supermercado?

Quando eu era pequena, havia em mim uma fantasia. Não é que tenha surgido do nada. No dois havia uma novela, La pícara soñadora, em que a protagonista vivia dentro de uma loja de departamentos. Durante anos, a ideia de passar a noite em um lugar onde tudo cheirasse a novo me fascinava; um espaço em que todos os meus desejos estivessem à minha disposição e onde eu pudesse estrear algo a cada momento.Se por alguma razão minha fantasia se tornasse realidade hoje em dia, no supermercado, eu iria direto para o corredor de verduras, o corredor onde habita o frescor e o de vinhos. Porque, embora não seja a primeira opção que vem à mente quando pensamos em vinhos, nesse espaço frio é possível encontrar rótulos que encarnam o bom, o bonito e o barato.Seja porque decidimos viver em uma loja – piscadela, piscadela – ou simplesmente porque queremos comprar vinhos junto com a lista de compras, perguntei a vários especialistas quais eram suas recomendações. Isso foi o que me disseram. Para a jornalista gastronômica Mariana Camacho, o chamado vinho verde – que na verdade é um vinho branco – da vinícola Casal García é uma excelente opção quando se busca harmonizar a primavera. Outros de sua lista do supermercado são Flor de Vetus ou María 1926, ambos da uva tempranillo. Para o especialista em vinhos espanhóis Raúl Juárez, em sua lista do supermercado não falta Protos, um Terras Gaudas branco da região de Rías Baixas, Ochoa Crianza Tempranillo e Marqués de Riscal da Rioja. A sommelier da Bornos Bodegas e melhor sommelier do Concurso Nacional de Sommelier Jr da ASI  2016 - 2019, Astrid Pérez Aguilar, recomenda o Rutini Malbec ou a mistura de cabernet sauvignon e malbec, da mesma vinícola. “A verdade é que tenho amor pelo país e pela vinícola. Acho que é uma ótima relação qualidade-preço.” Quanto a espumantes, Astrid afirma que Kirkland Rosé é ideal para saciar a vontade de borbulhas sem precisar gastar uma fortuna. Dos vinhos mexicanos, ela gosta do Monte Xanic Sauvignon Blanc, pois tem “muita elegância e frescura”. Para o Head Sommelier da Acento Culinaria, Pablo Mata, não tem erro com o Teziano Cabernet Sauvignon da vinícola de Valle de Guadalupe, Norte 32. Ele também recomenda o rótulo argentino Catena Zapata Malbec High Mountains e, direto da Borgonha, um Bouchard Aîné & Fils Heritage Du Conseiller. “São três vinhos de diferentes preços que, com certeza, eu compraria”.Raquel del Castillo, sommelier e editora gastronômica do Menú no Universal, se inclina por um malbec de corte moderno como o Elsa Bianchi, o rosé de tempranillo da vinícola riojana Cune, ou o Fonte Vinho Verde de Portugal. “É um daqueles vinhos deliciosos para conversar e passar uma tarde no jardim. No nariz, é frutado, com maçã verde, cítricos recém cortados e mineralidade. Na boca, é leve e muito fresco. Combina bem com ceviche, tataki de atum e frango assado com sal e pimenta”.Pessoalmente, gosto do Laus Chardonnay da região do Somontano, pois é super fácil de beber, especialmente se há música de terraço, ou também do Flores de Callejo de Ribera del Duero se houver uma tábua de frios no centro. Dos mexicanos, o nebbiolo de L.A Cetto é garantia sem pretensões para harmonizar um prato de massa coberto com molho pomodoro.Especialistas, novatos e aficionados, todos encontramos no supermercado vinhos com as três B que não atrapalham no carrinho, junto ao quilo de tomate saladet.Quais são os seus?