O prato do bem comer serve para todos?
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Shadia Asencio - 2020-12-28T12:56:21Z
Aprender a comer é uma aventura na qual podem haver becos sem saída. Como parte de uma política pública, os governos são os principais interessados em que façamos isso cada vez melhor. Assim surge o prato do bem comer, uma estratégia que educa a população de forma simples a alcançar uma dieta correta. Apesar de já ter mais de dez anos desde seu lançamento, o tema continua sendo tendência. A pergunta atual é: realmente funciona? É igual para as crianças? Como não quis ficar com a dúvida, perguntei a duas nutricionistas.O prato do bem comer surgiu como parte da Norma Oficial Mexicana (NOM) para guiar a população a se alimentar de forma saudável através de uma ferramenta gráfica que mostrasse como nossa comida deve parecer quando chega até nós. O ponto é respeitar as quantidades em cada grupo de alimentos, segundo o que nos conta Mayte Martín del Campo, nutricionista especialista em fitness e esportes.O prato está dividido em três seções: uma porção de três para um de frutas e verduras; uma outra parte de proteínas composta por leguminosas e produtos de origem animal e, finalmente, cereais ou carboidratos. Para Mayte Martín del Campo, “a ideia é respeitar as proporções na alimentação de um dia inteiro”. Mas se isso nos causa dúvidas, ela prefere falar em porcentagens: metade de carboidratos, trinta por cento de gordura e vinte por cento de proteína.O prato do bem comer é usado indistintamente para homens, mulheres e crianças, portanto, especialistas como a nutricionista Jennifer Asencio, especialista em alimentação de pacientes com doenças clínicas, indicam usar esse parâmetro com a população saudável, mas pode haver exceções de acordo com o sexo, idade, altura, tipo de pessoas e suas necessidades, especialmente com pessoas que sofrem de doenças como diabetes. “É preciso ter cuidado com o consumo de frutas, por exemplo, em uma pessoa com triglicerídeos altos”. Além disso, também aconselha a cuidar da qualidade dos cereais e das combinações: “Tomar água de frutas, comer muito purê de batatas e apenas um pouco de carne não é uma dieta saudável”. Ela recomenda ter em mente que em uma boa alimentação há “uma boa quantidade de vegetais, cereais suficientes – e de qualidade – e pouca proteína”.Por sua parte, Mayte complementa que existem três aspectos importantes que não estão previstos no prato do bem comer: “O primeiro é que falta a recomendação de gorduras (boas), ou seja, óleos, e toda a família de oleaginosas como amêndoas, gergelim, chia, nozes. O segundo é a quantidade de açúcar recomendada para a população, que é de 25 g de açúcar por dia, e que geralmente deve ser obtida a partir de frutas. Com 2 porções por dia seria suficiente”. Nesse caso, as sobremesas ficariam de fora por serem uma soma de carboidratos, gorduras e açúcares.Embora muitos não saibam, o tema se complementa com a jarra do bom beber, uma guia que alerta a população sobre as bebidas. Principalmente aconselha não tomar água saborizada nem refrigerantes, e apenas meio copo de suco de frutas ou leite integral. Isso devido ao alto índice de açúcar e calorias presente neles.Bebidas como café, chá ou bebidas com adoçantes artificiais são indicadas com 0 a 2 copos por dia. O que mais se recomenda é consumir simplesmente de 6 a 8 copos de água purificada.Além do prato do bem comer e da jarra do bom beber, a nutricionista Mayte recomenda não pular as verduras em cada refeição, cuidar das porções de origem animal (apenas um quinto do seu prato em cada refeição) e entender que cada pessoa é única. Jennifer, por sua vez, diz que para compreender amplamente como alimentar melhor nossos filhos e saber se eles têm necessidades especiais em relação a vitaminas e minerais, o melhor é consultar um nutricionista ou um especialista em alimentação.