Te Cuida

Ansiedade, estresse e ganho de peso. O que fazer para alcançar um equilíbrio?

Por Fernanda Balmaceda - 2022-04-22T13:32:16Z
A pandemia que vivemos aumentou os níveis de estresse e ansiedade da população mundial. Assim, houve um aumento considerável na população que ganhou peso ou tem a sensação desse aumento, como consequência das mudanças nos hábitos alimentares, da falta de atividade física e do estresse emocional que leva ao fisiológico. O estresse emocional, sobretudo quando se torna crônico, propicia mudanças metabólicas e hormonais, assim como nas respostas de fome e saciedade. Nesse sentido, o estresse pode estar diretamente vinculado ao aumento de peso e à perda da relação com o que comemos em termos de quantidade, tempo e forma.  Já aconteceu de você se descobrir comendo mecanicamente, talvez em grandes quantidades, e nem sequer saber se estava com tanta fome? Você já se sentiu culpado depois desses ataques de fome? Se a resposta é sim, não se preocupe, é algo que muitos de nós experimentamos durante esta pandemia.  Por esse motivo, entrevistamos a doutora Leticia Mendoza Galindo, especialista em nutrição clínica e criadora do projeto Nucic, que nos contou mais sobre como os estados de ânimo se relacionam com a alimentação, assim como suas recomendações para controlar nossa alimentação se sofremos de ansiedade ou estresse.  Como os estados de ânimo se relacionam com a alimentação? Para a Doutora Leticia, o mais importante é entender que as emoções são eventos complexos (biológicos e de consciência) nos quais interagem diferentes sistemas do corpo. Os sentimentos e as sensações, como a fome, são fenômenos que têm uma base bioquímica. Quando juntamos o que sentimos com o que conhecemos e pensamos, chamamos isso de estados de ânimo.  Você sabia que cerca de um terço da população mundial admite que utiliza a comida como um regulador de suas emoções? O cérebro cria diversas vias de comunicação ao longo da vida para gerenciar os processos fisiológicos internos e a forma como interagimos com o mundo. Existem áreas conhecidas como centros de recompensa ou de prazer nas quais se integram todos os sinais biológicos que nos fazem sentir, por exemplo, tranquilidade ou estresse.  Os estados de ânimo podem ser determinantes para marcar a pauta de como comemos e por quê; da mesma forma, o que comemos influencia a forma como nos sentimos física e emocionalmente. Por exemplo, diversos estudos descobriram que há uma associação direta entre a perda de memória em adultos mais velhos e a tendência à depressão em pessoas com baixo consumo de ômega 3 em seus alimentos. Como o estresse e a ansiedade se relacionam com a forma como comemos? Há diversos estudos que demonstraram que alguns alimentos com alto teor de gorduras e açúcares ativam significativamente os centros de recompensa do cérebro, por isso são os primeiros que buscamos quando temos sensações ou emoções desconfortáveis.  É muito comum que quando uma criança cai de bicicleta, além de oferecer consolo e cuidado, se lhe ofereça algum doce para fazê-la sentir-se melhor. Ao satisfazer a dor ou o desconforto através da comida, ensinamos ao cérebro que é uma via rápida e segura de satisfação imediata.  Daí que, por exemplo, quando estamos muito estressados pelo trabalho ou nos sentimos tristes, desejamos comer algo doce, pois assim liberaremos rapidamente dopamina, serotonina e outros neurotransmissores que nos farão sentir mais tranquilos em um período muito curto de tempo. No entanto, essa sensação diminuirá seu efeito na mesma medida e durará apenas entre 45 e 60 minutos. É possível mudar meus hábitos alimentares quando estou estressado? Sim. O cérebro tem uma grande capacidade de mudança, a isso chamamos de plasticidade, por isso somos capazes de criar novas vias de comunicação. É muito importante ser gentis conosco mesmos e entender que esse processo requer orientação, repetição e que não é perfeito. Existem passos que podemos seguir para começar a melhorar a gestão do estresse associado aos nossos hábitos alimentares:  Antes de comer por ansiedade, pergunte-se: o que preciso neste momento? Identificar suas emoções é fundamental para gerenciar o estresse e sua forma de se alimentar.  Coma devagar e aproveite. Isso melhorará sua consciência sobre as porções que você está ingerindo, sua resposta metabólica e, acima de tudo, a experiência de comer.  Seus melhores aliados: as frutas e os vegetais! São excelentes fontes de fibras, proporcionam maior sensação de saciedade, são fontes de prebióticos que melhoram o equilíbrio do microbiota intestinal e, portanto, do estado de ânimo e da correta absorção de nutrientes.  Diga não aos açúcares e aos alimentos processados.  Vença o sedentarismo. Está comprovado que o exercício é uma atividade antidepressiva que, além disso, contribuirá para que você se veja e se sinta melhor. Comece com 150 minutos de atividade física, a que você mais gosta, por semana.  Se você quiser saber mais sobre como perder os quilos extras do Covid, aproveite a palestra de Kiwi Te Cuida com a doutora Leticia Mendoza Galindo e nossa diretora editorial Shadia Asencio. Lembre-se que toda segunda-feira temos um desafio de saúde diferente, com aulas de culinária e conversas com especialistas. Esperamos você, ao vivo, toda segunda-feira às 17h, através da nossa conta oficial do Instagram.