Saúde em todos os tamanhos e alimentação intuitiva
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Fernanda Balmaceda - 2022-08-05T13:44:31Z
Qual é a dieta perfeita para uma pessoa?, Como conseguir manter o peso ideal? São perguntas que muitas pessoas podem se fazer mais de uma vez na vida. Para respondê-las, convidamos os conversatórios de Kiwi Te Cuida a Raquel Lobatón, nutricionista criadora do conceito de nutrição inclusiva, educadora em diabetes e provedora de confiança corporal, que compartilhou uma perspectiva diferente sobre dietas e alimentação. Compartilhamos um pouco mais sobre esses conceitos:O que é nutrição inclusiva e alimentação intuitiva? É um conceito que associa diversos enfoques existentes, principalmente em outros países, que promovem a saúde em todas as medidas, HAES é a sigla em inglês e significa Health At Every Size. São enfoques à saúde que pretendem desvincular o peso do cuidado com a saúde, assim como um movimento de justiça social que luta contra sistemas de opressão e discriminação, como a gordofobia, que equipara saúde a estar magro. Parte da existência da diversidade corporal e convida as pessoas a esquecerem as dietas e restrições e a se integrarem a um processo de cura na relação com os alimentos e seus corpos. Em resumo, é um movimento que promove a liberdade alimentar e a libertação corporal.Quais são os principais mitos alimentares? Raquel Lobatón aponta que incorporar melhores hábitos de saúde, como dormir bem, comer ou fazer exames médicos de forma contínua, melhora a saúde, mesmo que não se perca peso. Ela considera que os sete mitos mais arraigados em temas alimentares são os seguintes:Não existe uma única forma correta de comer. O ser humano está projetado para comer de forma flexível. E, precisamente, comer é um dos atos mais intuitivos do ser humano.Não somos o que comemos. A saúde de uma pessoa é determinada por inúmeras variáveis, como condições sociais, acesso a serviços de saúde, se tem tempo para cozinhar, nível de educação, fatores genéticos, entre muitos outros.Não se pode adivinhar os hábitos de uma pessoa nem sua saúde apenas a olhando. A magreza não é sinônimo de saúde, assim como a gordura não é sinônimo de doença ou maus hábitos.As dietas não funcionam. Se assim fosse, as pessoas fariam apenas uma na vida. Funcionam apenas a curto prazo e está cientificamente comprovado que a perda de peso não é sustentável a longo prazo para 95% das pessoas, e aqueles que fazem dieta recuperam o peso entre 2 e 5 anos. Além disso, quando as pessoas recuperam o peso, geralmente voltam com uma relação mais deteriorada com a saúde e com seu corpo, porque o efeito sanfona gera processos inflamatórios.Nem todas as pessoas podem ser magras. A diversidade corporal existe e deve ser aceita, celebrada e deve-se lutar por um tratamento igualitário a todas as medidas, sem hierarquias corporais.A gordofobia, essa discriminação sistemática e validada pela sociedade contra pessoas gordas, é um sistema de opressão e rejeição tão violento quanto o racismo, o sexismo ou a homofobia. Pode-se investigar mais sobre o tema sob o conceito Weight stigma, onde se revela que até mesmo entre profissionais de saúde há discriminação contra pessoas gordas. O movimento HAES promove a anulação de palavras como obesidade e sobrepeso, porque a primeira patologiza a medida como uma doença e a segunda seria comparável a falar de altura excessiva.Não há comida boa ou ruim. Há comida com conteúdo nutricional diferente.Descarregar peso do peso! Por um mundo sem preconceitos nem dietas Esse movimento, respaldado por numerosos estudos, luta pela liberdade alimentar e pela libertação corporal, o que pode nos permitir retornar a uma alimentação intuitiva. Nas palavras de Raquel: “Estamos projetados para comer de tudo, o corpo nos pede o que precisamos desde que nascemos, vejamos as crianças, têm sinais claros de necessidade e saciedade. É a cultura das dietas que arruinou nossa relação com a comida e com os corpos por seus juízos de valor.” Pensemos apenas nas receitas que gera a indústria das dietas a cada ano: 72 bilhões de dólares nos Estados Unidos e 250 bilhões de dólares em todo o mundo. A premissa é clara: “odiar nossos corpos, apresentar o antes e o depois, ao que devemos ansiar e comprar a dieta em questão.” A alimentação intuitiva e inclusiva é uma abordagem interdisciplinar que não exclui a terapia médica nutricional, sua distinção é que não se faz a partir da restrição nem centrada no peso.Conheça mais sobre Raquel, as certificações que ministra com outros profissionais de saúde e oficinas em sua página oficial. E não perca as segundas de #KiwiTeCuida em nosso instagram oficial.