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De Kiwilimón para você

Por que no Kiwilimón celebramos com tostadas mexicanas?
De Kiwilimón para você

Por que no Kiwilimón celebramos com tostadas mexicanas?

Por Shadia Asencio - 2021-09-28T12:44:45Z
Tudo cabe em uma torrada. Ou nada. Apenas um pedaço sem mais é suficiente para acalmar a coceira ansiosa da fome. A torrada sozinha já é uma sinuosidade que diz aos olhos: venha! À boca fala do milho e da gordura inequívoca de sua fritura. Mas talvez o melhor seja seu som ao quebrar, ao morder. Esse ¡crack!, que não se parece com o crocante de uma baguete, nem com o de um biscoito de manteiga, soa a um México de mesas de alumínio e pessoas aplaudindo, a guisados cremosos, a uma palapa úmida na praia.

Sobre a origem, a editora gastronômica da Larousse, Verónica Rico Mar, afirma que talvez tenham surgido – como quase tudo que vale a pena na cozinha – a partir de um erro: “alguém deixou a tortilla mais tempo no comal e isso fez com que secasse e ficasse crocante”. Outra possibilidade é que, para dar uma segunda vida aos restos de tortilla do dia anterior, fossem passadas por óleo quente. Também existem as torradas assadas, ou as raspadas – originárias de Colima e Jalisco – que são tortillas que, antes de estarem bem cozidas, têm a camada fina que se forma em cima removida. Posteriormente, são passadas novamente pelo metate e fritas.

O mexicano ama as torradas. Isso sim, gostamos um pouco menos que os tacos, porque as tortillas fritas se quebram, porque se não as comer a tempo, ficam encharcadas, porque tacos before vatos. Mas ninguém pode negar que, untadas com um simples creme de rancho, são um banquete. A editora gastronômica acrescenta que, ao contrário dos tacos, sobre as torradas podem ir elementos quentes, mornos ou frescos, como o salpicão, o ceviche ou a salada de atum. “Pode haver tacos de picadillo e pode haver torradas de picadillo, mas o que nunca vai haver é um taco de pata”.

Diferente do rei do antojito, na torrada o guisado vai picado, desfiado, em tirinhas, fragmentado. Como no sope, pode ter uma base de feijões refritos em banha, uma maionese ou uma base cremosa que mantenha o guisado picado aderido ao centro. Porque, já dissemos que a torrada também é utensílio de cozinha? Esta tortilla crocante e côncava se torna um prato biológico que não precisa ser lavado, mas devorado, ou como diz Verónica Rico, “é seu talher porque você a quebra em pedacinhos e vai comendo com ela”. 

Na sua anatomia também está a altura. A preparação deve estar disposta no cume, no Popocatépetl junto ao seu Iztaccíhuatl. Vestirão a paisagem a cenoura finamente cortada em brunoise, a cebola em pedacinhos, o coentro, os grãos de milho. A bandeira no topo é uma flor de abacate, uma alface cortada em julianas, neve de queijo, derretimento de creme, rios de salsa verde, vermelha ou pico de gallo.

Na torrada, a democracia do guisado é bem-vinda. Tudo vai e tudo vem. Só é preciso evitar as preparações cremosas e temperadas de caldos porque poderiam umedecê-las. E aqui outra de suas extravagâncias: pegá-la corretamente requer concentração, equilíbrio, um pouco de sorte. Na primeira mordida despreocupada, o montículo de *coloque seu guisado favorito aqui*, creme, alface e queijo, corre o risco de colapsar como um derretimento no Polo Norte. Se isso acontecer, tudo estará perdido, ou encontrado, mas no bolso da camisa, a pétala da toalha florida, o chão. ¡E isso é da torrada!, como se diz coloquialmente.

Se você está com vontade de montar uma tostadiza econômica e divertida para dar o grito, você está lendo o texto certo. Das 119 receitas que temos no kiwilimón, selecionei minhas seis favoritas. Você pode acompanhá-las com aguas frescas cremosas, cantaritos locos, com bombas de michelada ou, com os vinhos que eu proponho. Vamos celebrar juntos a tradição deste pratinho de milho comestível em que cabe todo o México. 

Torrada de tinga de frango com chipotle
A petit syrah da vinícola Henri Lurton acompanha harmoniosamente o toque de chipotle desta receita indispensável. 

Torrada de picadillo de três carnes
Combine este clássico carnívoro com a mistura mexicana de cabernet sauvignon, petite syrah e merlot de Ala Rota.

Torrada de rajas cremosas com cogumelos
Para o toque levemente defumado das rajas com creme, recomendamos a acidez balanceada do Quinta Monasterio Tempranillo.

Torrada de pata 
Que não falte a torrada fresca e vinagrosa, favorita de Verónica Rica, com um rosé da vinícola Norte 32.

Torrada de mole com frango 
O clássico dos clássicos se harmoniza bem com a mistura de cabernet sauvignon e syrah da vinícola de Parras, Coahuila, Hacienda Florida.

Torrada de cochinita pibil
Adicione um complemento perfumado e floral à sua torrada yucateca com Balero Rosado.