“Vai, vai, não perca o tino, porque se você o perder, perde o caminho”. Quem nunca cantou essas notas com a alegria de ser o próximo da fila para quebrar a piñata. E é que as piñatas são inerentes às festas de dezembro, assim como o ponche ou as canções natalinas.
No México, as festas de Natal são o resultado do sincretismo entre as festas pré-hispânicas, cristãs e populares. E as posadas, que são celebradas de 16 a 24 de dezembro, são uma culminação de procissões, cânticos e, claro, piñatas.
Como aponta o Museu de Arte Popular: “No México, antes da conquista espanhola, celebrava-se a vinda de Huitzilopochtli no mês Panquetzaliztli, que coincidia com a época em que os europeus comemoravam o Natal. Isso fez com que as posadas ou jornadas fossem uma das muitas cerimônias de caráter profano-religioso que utilizaram para substituir os antigos ritos dos indígenas pela fé católica.
Durante os primeiros anos da Colônia, a costume era ir aos átrios; mas os indígenas já evangelizados e afeições às tradicionais cerimônias, as transferiram para suas casas. Já em 1808, as posadas se desenvolviam com entusiasmo transbordante, principalmente na Cidade do México, em quase todas as famílias e com mais ou menos luxo, de acordo com suas possibilidades.”
As posadas são parte das celebrações de dezembro no México. Durante oito dias, as igrejas e os pátios das casas se enfeitam com piñatas de papelão ou barro muito coloridas, de sete picos ou dos personagens em tendência. As piñatas aguardam aquele que vai quebrá-las com um bastão que representa a virtude e nós nos emocionamos quando chega nossa vez de quebrá-las ou até mesmo para nos lançarmos na disputa para escolher as melhores frutas ou doces com que estiverem recheadas.
O que significa fazer uma piñata?
Julio Pérez é a terceira geração de piñateros mexicanos. Seu avô e seu pai lhe ensinaram o ofício, o qual ele tem mantido durante toda a sua vida e transmitido a seus filhos e netos.
Para ele, o segredo de uma piñata é que esteja feita com o coração: “Não tenho palavras para descrever o que representa para mim fazer piñatas, porque cada vez que você faz uma, coloca um pedacinho do seu coração. Tudo o que aprendeu ao longo dos anos você vai colocando em cada folhinha que vai colocando ou na combinação que decide usar em cada criação”.
Julio vende suas piñatas todos os anos no Mercado de Jamaica, na Avenida Morelos. Em sua casa, eles cortam o papel toda vez que a temporada se aproxima e as montam junto com sua família já no mercado. Quando não é temporada de dezembro, ele vende flores e frutas, mas sua maior ilusão é quando chega a temporada de piñatas, porque assim pode compartilhar com todos os que os visitam o ofício que aprendeu com seu pai e este, por sua vez, com seu avô.
Em sua barraca, uma das mais coloridas da Avenida Morelos, você pode encontrar piñatas de até três metros. Há de papel e jornal, de panela e de papel picado, de sete, oito e até nove picos, assim como de burritos e seus personagens favoritos. Todas são uma delícia à vista porque são reflexo do coração da família Pérez, que leva três anos a serviço da alegria e das piñatas mexicanas.
Uma provadinha das melhores piñatas
Se você gosta de piñatas, visite até 12 de dezembro o pátio do Museu de Arte Popular, na Revillagigedo 11, no Centro Histórico. Aqui você poderá ver as piñatas ganhadoras da 15ª edição do Concurso de Piñatas Mexicanas do MAP, onde participaram 230 piñatas de artesãos, coletivos e do público em geral de todo o país.
Ou então, atreva-se a prepará-las em pratos festivos que serão a alegria de todos à mesa, como em uma deliciosa gelatina de piñata ou um bolo de piñata. Aproveite suas posadas com um ponche quente e não perca o tino!