Você imagina um método agrícola presente desde a época pré-hispânica? As chinampas são um sistema agrícola presente no México desde essa época e, desde 1987, foram declaradas Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.
A zona chinampera compreende 2.215 hectares localizados nas alcaldias de Xochimilco, Tláhuac e Milpa Alta, na Cidade do México, onde se localizam 12 povoados rurais com uma rica tradição agrícola, cultural e, claro, gastronômica.
O sistema chinampero contém 20.922 chinampas, das quais apenas 17% estão ativas, produzindo hortaliças ou flores, e 83% são potenciais, ou seja, não estão cultivadas, mas poderiam ser reativadas.
Esses números fazem com que projetos como
Arca Tierra tenham uma relevância transcendental para o patrimônio agrícola mexicano, pois desde 2011 promove a recuperação da zona chinampera em Xochimilco, aplicando os princípios da agricultura regenerativa e do comércio justo com os agricultores.
A importância das chinampas no México é reconhecida também pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), que as inclui na categoria de SIPAM (Sistema Importante do Patrimônio Agrícola Mundial), pois as chinampas promovem a preservação: dos sistemas biodiversos; da agricultura diversificada para consumo local e regional; da conservação do habitat de espécies locais e migratórias, aquáticas e terrestres, assim como da paisagem cultural, natural, produtiva e estética da zona chinampera.
A zona chinampera no México enfrenta problemas graves, como o fato de que a maioria dos agricultores esqueceu as técnicas agrícolas tradicionais e, em seu lugar, adota uma agricultura baseada em agroquímicos e monoculturas, que coloca em risco a saúde dos produtores e dos consumidores, ao mesmo tempo que contamina o solo e a água. A falta de acesso ao mercado para os produtores faz com que as gerações jovens não queiram trabalhar a terra e, em geral, a zona chinampera encontra-se 59% abandonada. Outro grande problema é a contaminação na área por águas residuais, agroquímicos e lixo, assim como a falta de normativas para controlar o respeito à zona chinampera por parte dos visitantes e turistas.

Arca Tierra, projeto dirigido por Lucio Usobiaga, busca recuperar a zona chinampera por meio do trabalho com famílias chinamperas em agroecologia e comércio justo. Este projeto, desde sua fundação, tem sido apoiado por instituições como a Universidade de Chapingo, o Instituto de Biologia da UNAM e o Instituto Politécnico Nacional.
Desde sua fundação, destacou a importância da conservação das chinampas na Cidade do México. Uma delas é que 30% da água que utiliza a CDMX vem do aquífero de Xochimilco e as chinampas constituem um vaso regulador e de limpeza de água; outras são que as milhares de árvores na zona chinampera produzem oxigênio, que ajudam a reduzir a contaminação na CDMX; regulam os microclimas e ajudam na fixação do carbono, além de serem refúgio de espécies endêmicas e migratórias.
Se as chinampas forem reativadas, pode-se cobrir a necessidade de hortaliças de toda a CDMX. Além disso, promovem a conservação dos valores culturais e agrícolas que nos foram herdados desde o México pré-hispânico. É por isso que no Kiwilimón realizamos uma aula de culinária com o chef Mau Eggleton de antojitos chinamperos desde a Arca Tierra, para que você veja, sinta e saboreie o grande legado das chinampas.
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